A palavra motel surgiu em 1925, quando um arquiteto americano decidiu criar um hotel destinado a motoristas, ao lado da rodovia que liga São Francisco a Los Angeles, na Califórnia. A palavra é formada pelas palavras “motor ”e “hotel” que, juntas, deram origem ao nome “Motel”.
No Brasil, os motéis surgiram logo como lugares destinados a encontros amorosos, já que os hotéis não permitiam estadias de curta duração. Existem relatos antigos que falam da existência de uma Delegacia de Costumes em alguns estados brasileiros. Os policiais ficavam de tocaia na porta de hotéis contando quanto tempo um casal permanecia hospedado. Se fosse constatada a “pouca vergonha”, os amantes e o estabelecimento poderiam responder por crime contra os bons costumes. Para evitar inconveniências como essa, os empreendedores resolveram importar a idéia dos Estados Unidos e, assim, em 1968, em uma estrada do município de Itaquaquecetuba, em São Paulo, surgiu o primeiro estabelecimento desse tipo: o Motel Playboy. (Fonte: Revista Galileu)
Na década de 1970, época dos movimentos feministas e da revolução sexual, devido à invenção de métodos contraceptivos, o mercado de motéis encontrou terreno fértil para a expansão dos negócios. Em 1980, empresários de outros estados brasileiros, percebendo essa nova (e lucrativa) tendência de empreendimentos de São Paulo, resolveram investir em redes de motéis em suas respectivas regiões. E é justamente isso que nos conta Daniel Cysne de Noronha, gerente dos motéis Plaza e Diplomata, ambos situados no Centro de Fortalez,a e o Flat Motel, localizado do bairro Dias Macêdo.
Daniel diz que há 30 anos, em meados da década de 1980, um tio dele, dono de uma pequena rede de hotéis, resolveu adaptar seu negócio para torná-lo mais lucrativo: “O grande diferencial entre um motel e um hotel, no nosso ponto de vista, é só a rotatividade. O investimento é menor. Para se ter um hóspede num hotel, você vai ter que mantê-lo por 24 horas, que é uma diária. Num motel é muito rápido. O tempo médio em um motel de Centro é entre 45 minutos a uma hora e meia. O custo operacional é bem menor”.
Os motéis são administrados pela família de Daniel desde que ele nasceu.
Lucro
Entretanto, apesar do baixo preço desses estabelecimentos do Centro da cidade, um proprietário administra mais de um motel. Cada motel desse tipo conta com uma média de oito funcionários, sem falar em gastos com energia e limpeza. Portanto, perguntamos a Daniel se o faturamento com esse tipo de empreendimento é suficiente para pagar as despesas.
O gerente confirma, e faz uma comparação do público que frequenta o Motel Plaza, com o Flat “[Os clientes do Flat Motel] são pessoas que tem o poder aquisitivo maior, então eles gastam mais, mas também exigem muito mais. Eles querem uma toalha melhor, uma televisão melhor, uma decoração melhor. Por isso quando você vai abrir um motel, você vai ganhar mais dinheiro em motel de centro, que atendem os ‘baixa renda’, apesar de ser bem mais barato. Aqui é a partir de R$18, no Flat é a partir de R$ 25, mas meu custo, para ter essa entrada [do Plaza] é bem menor do que ter a entrada do motel de 25 reais, porque o ar condicionado é melhor, a cama é melhor, tudo é melhor”.
Quanto à margem de lucro arrecadada nesse tipo de negócio, o administrador nos revela que só o Plaza recebe cerca de 1500 a 1700 clientes por mês, um faturamento de quase 80 mil reais mensais. Mas, de acordo com Daniel, há motéis que faturam muito mais.
Para o gerente, iniciar um negócio com motéis requer pesquisa quanto à localização do estabelecimento, pois a discrição e o fácil acesso dos clientes ao lugar são pontos fundamentais. Além disso, é preciso cuidar da segurança, evitando possíveis comportamentos perigosos dos clientes. “Aqui só não aceitamos dois homens e uma mulher. Não por preconceito, mas por questão de violência, porque normalmente termina em briga” e finaliza: “A única regra que eu passo, é que aqui não entra de menor e dois homens e uma mulher. O resto tudo bem. Porque o motel quer ganhar dinheiro. Entrou, pagou, é cliente”.
Nos motéis do Centro da cidade, podem ser encontrados suítes cujos preços variam de R$ 8 a R$ 20 pela permanência de duas horas. Porém, todos os estabelecimentos pesquisados pela nossa reportagem, dos motéis mais baratos aos caros, possuem o serviço de pernoite, com os horários de pico entre 18h às 20h. Para todos eles, os dias de maior movimento são a partir de quinta feira e nenhum deles, afirma diferenciar o gênero do casal (homo ou heterossexuais).
